A ascensão do digital redefiniu a maneira como as empresas operam em relação a seus clientes. Agora, palavras como experiência e usabilidade estão se consolidando no vocabulário corporativo — e cada vez mais setores da indústria têm percebido a importância de construir melhores experiências de consumo para seu público.
Com o surgimento de novos modelos de negócios e a aceleração do processo de transformação das empresas, popularizaram-se as chamadas estratégias user-centric, nas quais todos os aspectos do negócio passam a ser estruturados tendo as necessidades dos usuários como peça central.
Nesse movimento, 2 disciplinas que são os grandes motores desta história ascenderam ao posto de motores de mudança e facilitadores desse processo: o UX e o UI.
O que é o UX Design e como atua?
UX é a abreviação do termo user experience e refere-se à experiência do usuário. O UX Design, ou User Experience Design, é essencialmente sobre como o usuário se sente ao realizar uma determinada tarefa em um contexto físico ou digital.
O que a experiência do usuário faz é reduzir atritos para que o usuário atinja um determinado objetivo da forma mais simplificada possível, gerando um sentimento positivo durante este processo. Para isso, a disciplina considera aspectos como usabilidade, percepção de valor, eficiência na execução de tarefas, entre outras variáveis.
A experiência do usuário, no entanto, vai além de fornecer aos clientes apenas aquilo que os usuários querem. UX é sobre construir a experiência mais fluida durante a jornada de interação do usuário final com produtos e serviços de uma empresa.
UX é uma visão de negócio, uma convicção. Assim, podemos definir a experiência do usuário como a busca pela máxima sinergia em todos os pontos de contato de uma empresa de forma a colaborar para os objetivos do negócio.
UX não é só sobre emoções. É sobre negócios
“UI é sobre razão e UX é sobre emoção”.
UX é hoje o pilar central da estratégia digital de todas as empresas que performam bem no contexto digital. Porque user experience é essencialmente sobre entender e antecipar as necessidades do usuário para oferecer soluções de negócios mais aderentes.
É claro, está provado que uma boa experiência constrói um tipo de “vinculação emocional” entre marca e cliente. E, em um contexto de negócios em que o custo de aquisição de clientes é 5 a 7 vezes maior do que retê-los, isso faz total diferença.
Entretanto, quem explica UI e UX de maneira simplória, está ignorando todo o trabalho de arquitetura de informação, pesquisa, entrevistas, testes de usabilidade e muito mais. Antes da emoção, vem a estratégia.
O que é o UI Design e como atua?
A sigla UI significa user interface (em português, Interface do Usuário). Portanto, o UI Design, ou User Interface Design, pode ser definido como a disciplina que estuda os meios através dos quais um usuário consegue interagir com uma determinada aplicação, monitor, dispositivo ou software.
O design de interfaces é responsável por guiar as interações dos usuários durante a realização de uma tarefa por meio da comunicação visual em uma interface. Essa dinâmica pode acontecer por meio de botões, menus, controle de voz e até mesmo gestos.
O UI design está relacionado às interações entre a interface e o usuário. Podemos dizer que UI trabalha com as melhores práticas de design de interfaces/telas e usabilidade para tangibilizar a estratégia de UX. É considerado a ponte entre UX e o usuário.
Apesar de lidar com a questão visual em si, o design de interfaces não é essencialmente sobre aparência. É sobre sinalizar ao usuário de forma clara o caminho mais simples para cumprir o objetivo da interação por meio de elementos visuais.
UI está dentro de UX, mas não é menos importante. E nem só sobre telas.
É uma teoria bem aceita de que UI design está dentro do UX design. Em diversas representações Internet afora, é possível ver a experiência do usuário no topo, como um guarda-chuva. Não à toa, muitos profissionais se apresentam como UX/UI designers.
De fato, não há como não relacionar as áreas. Entretanto, apesar do UI ter a função de tangibilizar a estratégia, o design de interfaces têm seus próprios indicadores de performance a atingir, em princípios como harmonia, layout, navegação, sinalização, entre outros elementos.
É muito mais do que criar telas bonitas (apesar de este também ser um requisito). Portanto, UI afeta diretamente UX. E exige um conjunto de conhecimentos específicos e boas práticas interdisciplinares para cumprir seu objetivo.
UX e UI: quais as diferenças?
UX e UI possuem muitas semelhanças.
Por serem disciplinas oriundas de uma mesma área do conhecimento, consideradas complementares, de fácil integração nos times e utilizadas em conjunto nas estratégias de negócios, há uma confusão que ronda as mentes do público não especializado em termos de experiência, interação e usabilidade.
Afinal, quais são as diferenças entre UX e UI?
Sabemos que discussões sobre usabilidade e experiência podem ficar meio híbridas demais eventualmente — e não é incomum misturarmos as estações. Acontece que user experience e user interface também possuem algumas diferenças importantes.
O blog Web Design Depot tem uma analogia certeira para explicar a diferença entre user experience e user interface:
“UI é a sela, os estribos e as rédeas. UX é a sensação que você tem de poder montar o cavalo e laçar seu gado.”
Rapidamente, tentaremos ilustrar essa diferença com exemplos práticos:
User Interface
Tomemos como exemplo um site, ou melhor, uma landing page, que tem como objetivo a conversão. No momento em que alguém entra nesse site, há uma série de ações que essa pessoa precisa fazer, pensadas com base em uma estratégia de negócio.
Para que o usuário chegue no desfecho desejado, é preciso guiá-lo. É nesse contexto mais físico, de interação que entra o UI, projetando e estilizando as interfaces que serão usadas diretamente por esse usuário.
UI trabalha visualmente nesta página, sendo responsável por comandar as ações desse usuário até o objetivo com o menor número de atritos possível. Dessa forma, o UI designer utiliza recursos como contraste de cores, destaques e até espaço em branco para mostrar quais ações são permitidas.
User experience
Podemos definir UX como o quão amigável uma interação será para o usuário e engloba todos os aspectos do processo de desenvolvimento de um produto, por exemplo, desde a arquitetura da informação, usabilidade, até o conteúdo.
Agora que você já entendeu o que são e como se complementam, vamos elencar as principais diferenças entre os 2 conceitos. E para isso, trouxemos um mini-glossário sobre UX e UI, só para garantir que você consiga se localizar quando escutar uma ou outra palavra-chave. Confira:
UX Design
Arquitetura da informação
Pesquisa de usuário (user research) e definição de necessidades
Cenários
Analytics
Design de interação
Wireframes e protótipos
UI Design
Identidade e guia de estilo (style guide)
Cores
Design gráfico
Layout
Tipografia
Design visual
Por que devemos usar UI e UX em projetos?
Bem, aqui temos 2 pontos de vista para explorar. A primeira do ponto de vista da integração entre UX e UI. A segunda, do retorno do investimento em UX.
Integração UX e UI
Bem, a verdade é que é bem mais fácil integrar UX e UI do que usá-los separadamente, principalmente no contexto digital, em que é necessário ter uma interface como meio de realizar ações. Além disso, parece improvável que profissionais de UI e UX não conversem.
UX e UI são abordagens que não competem, pelo contrário, se complementam. É a união das 2 frentes que vai compor a experiência final do usuário. Aliás, essa construção não é um processo linear e exige revisão com frequência. Portanto, não há uma escolha a fazer entre uma e outra. Use ambas!
O ROI da experiência
Em nosso webinar Closing the gap between UX and development, debatemos sobre a importância da sinergia entre profissionais de UX, UI e desenvolvimento.
Há evidências de que inserir práticas de UX no processo de desenvolvimento o quanto antes, como pesquisa e testes de usabilidade, elimina o retrabalho, reduz custos de desenvolvimento e continua gerando economia em longo prazo.
Alguns estudiosos vão além e afirmam que alocar de 15% a 20% do orçamento total de um projeto ao UX, é capaz de garantir melhor ROI, seja esse montante dedicado à etapa de pesquisa ou prototipagem, por exemplo.
Sim, é provável que investir em pesquisa de UX resulte em um custo inicial mais alto. Entretanto, os benefícios de longo prazo podem ser muito maiores. As empresas que consideram a experiência do usuário como um dos pilares do negócio performam 228% a mais que a média.
Estamos diante de um novo paradigma: as empresas passaram a enxergar seus clientes como seu ativo mais valioso. Para isso, é preciso nutrir uma busca incessante por conhecer o usuário em profundidade para atender às suas necessidades.
UI e UX fazem parte de uma estratégia de negócios que cresceu muito com a ascensão do digital e os modelos user-centric. O resultado disso é a vinculação emocional (guiado por uma estratégia, bom frisar) entre produto/serviço/marca e cliente por meio da criação de boas experiências.
Isso tem grande importância na forma como os usuários passam a enxergar as empresas, como é o caso do sucesso estrondoso dos bancos digitais e fintechs na última década. O objetivo? Tornar a vida do usuário mais fácil e conveniente — herança do design de produto/serviço. Legado que passa a ser também do UX e UI.